Presidente
do partido, Rui Falcão comunicou medida à bancada petista
POR
FERNANDA KRAKOVICS
BRASÍLIA
- Depois que deputados do PT foram acusados de, na votação secreta,
apoiar a eleição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
o presidente do partido, Rui Falcão, comunicou à bancada petista,
nesta quarta-feira, que será expulso da sigla quem votar a favor da
proposta de reforma política colocada em pauta pelo peemedebista.
- O
partido tem posição fechada sobre esse assunto e não vai aceitar
indisciplina - disse Falcão, em reunião da bancada, de acordo com
deputados do PT.
Desde a
reforma da previdência proposta pelo governo Lula, em 2003, que o PT
não trata uma matéria legislativa dessa forma. Naquela época,
foram expulsos a então senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados
Luciana Genro (RS), Babá (PA) e João Fontes (SE). A diferença é
que, naquela ocasião, os parlamentares acusavam o PT de trair
bandeiras históricas. Agora é o partido que cobra dos deputados
fidelidade a conteúdos programáticos.
O PT
adotou a reforma política como bandeira ética após o escândalo do
mensalão e, ao ser surpreendido pelas manifestações de junho de
2013, passou a defender um plebiscito sobre o assunto como forma de
tentar recuperar sua conexão com as ruas.
O
principal ponto de divergência entre o PT e a proposta colocada em
pauta pelo presidente da Câmara está no financiamento de campanha.
Os petistas defendem o fim das doações de empresas privadas. Já a
proposta que teve sua votação acelerada por Cunha inclui essa fonte
de contribuição financeira na Constituição, no momento em que a
maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal já votou pela
proibição das doações de empresas. O placar está 6 a 1 e ainda
faltam os votos de quatro magistrados.
Além
das supostas traições à candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à
presidência da Câmara, o alerta de Falcão quanto à reforma
política tem precedente no PT. Em 2013, o então deputado Cândido
Vaccarezza (PT-SP) foi execrado pelo partido, e virou persona non
grata até hoje, por ter se aliado ao PMDB na discussão desse
assunto. Os petistas se referem à proposta de reforma política
pautada agora por Cunha como “a PEC do Vaccarezza”.
Na
reunião da bancada do PT, nesta quarta-feira, os deputados se
mostraram assustados e surpresos com a atuação de Eduardo Cunha em
plenário na noite anterior, quando conseguiu acelerar a votação da
reforma política que contraria os petistas.
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