A gota d’água
Apenas 0,1% da água doce da
Terra pode ser encontrada em locais de fácil acesso. Com o aumento
da população mundial, disputas pelo controle de recursos hídricos
devem se intensificar
Amazonas tem uma das maiores reserva de água doce do Planeta |
(Foto: Otávio
Silveira/Editora Globo - Jerson Aranha-Manaus/AM)
Uma das primeiras guerras da
história aconteceu há mais de 4,5 mil anos na Suméria, região
onde hoje se encontra o Iraque. Munidos de espadas, machados de
bronze e lanças, o exército da cidade-estado de Lagash avançou
contra o rei de Umma, que desviou as águas do Rio Tigre para
construir um canal de irrigação. “Eannatum, líder de Lagash, foi
para a batalha e deixou 60 soldados mortos na margem do canal”,
dizia uma inscrição encontrada por arqueólogos. Assim como outras
civilizações que não tinham acesso a recursos hídricos
abundantes, a luta pela água era, literalmente, uma batalha de
sobrevivência para os dois povos.
(FOTO: OTÁVIO SILVEIRA/EDITORA GLOBO) |
Passados alguns milênios,
os conflitos já não são resolvidos apenas pela força. Mas a
explosão populacional e a crescente demanda por infraestrutura e
produção de bens ampliaram ainda mais a necessidade por recursos
naturais. A água doce, antes considerada abundante em boa parte do
mundo, se transformou num bem estratégico. Apesar de ocupar dois
terços da superfície terrestre, a água própria para consumo faz
parte de uma fatia mínima. De 1,2 bilhão de quilômetros cúbicos
de água existentes no planeta, menos de 3% é potável — o que
representa cerca de 35 milhões de quilômetros cúbicos. O problema
é que 2% deste volume está disponível na forma de geleiras e
camadas de neve e 0,9% está localizado em aquíferos subterrâneos.
Ou seja, 0,1% de água doce é encontrada em locais de fácil acesso,
como rios e lagos — o equivalente a 1,4 milhão de quilômetros
cúbicos.
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