sábado, 22 de novembro de 2014

Guerra da civilização pelo controle da água doce


A gota d’água

Apenas 0,1% da água doce da Terra pode ser encontrada em locais de fácil acesso. Com o aumento da população mundial, disputas pelo controle de recursos hídricos devem se intensificar
Amazonas tem uma das maiores reserva de água doce do Planeta
(Foto: Otávio Silveira/Editora Globo - Jerson Aranha-Manaus/AM)

Uma das primeiras guerras da história aconteceu há mais de 4,5 mil anos na Suméria, região onde hoje se encontra o Iraque. Munidos de espadas, machados de bronze e lanças, o exército da cidade-estado de Lagash avançou contra o rei de Umma, que desviou as águas do Rio Tigre para construir um canal de irrigação. “Eannatum, líder de Lagash, foi para a batalha e deixou 60 soldados mortos na margem do canal”, dizia uma inscrição encontrada por arqueólogos. Assim como outras civilizações que não tinham acesso a recursos hídricos abundantes, a luta pela água era, literalmente, uma batalha de sobrevivência para os dois povos.
(FOTO: OTÁVIO SILVEIRA/EDITORA GLOBO)


Passados alguns milênios, os conflitos já não são resolvidos apenas pela força. Mas a explosão populacional e a crescente demanda por infraestrutura e produção de bens ampliaram ainda mais a necessidade por recursos naturais. A água doce, antes considerada abundante em boa parte do mundo, se transformou num bem estratégico. Apesar de ocupar dois terços da superfície terrestre, a água própria para consumo faz parte de uma fatia mínima. De 1,2 bilhão de quilômetros cúbicos de água existentes no planeta, menos de 3% é potável — o que representa cerca de 35 milhões de quilômetros cúbicos. O problema é que 2% deste volume está disponível na forma de geleiras e camadas de neve e 0,9% está localizado em aquíferos subterrâneos. Ou seja, 0,1% de água doce é encontrada em locais de fácil acesso, como rios e lagos — o equivalente a 1,4 milhão de quilômetros cúbicos.

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